Mariamo António, 46 anos, também dá o seu testemunho sobre como tudo começou. Membro de um dos Grupos de Poupança de Cerema, desde 2021, faz saber que foi numa das sessões com a equipa da Fundação MASC que surgiu a ideia da abertura de centros de AEA. Quando criança, Mariamo tinha frequentado a escola até à 7a classe, na mesma EPC de Malatane, onde hoje funcionam salas anexas de AEA.

Segundo ela, não continuou com os estudos porque a escola secundária mais próxima estava na vila sede distrital de Angoche, a um par de quilómetros. Sem alternativas, teve de colocar fim a qualquer sonho de fazer da educação uma arma para conquistar o mundo. Pelo contrário, teve de se casar cedo, e tem actualmente cinco filhos.

A alfabetizanda diz ter sido uma medida acertada regressar à carteira porque tal lhe permitiu voltar a aprender a escrita, leitura e cálculos, algo que o tempo tinha roubado. “Sentia falta, tinha esquecido de falar e escrever em português. Foi por isso que voltei à escola”, afirma. E, para provar, perante as camaras, faz questão de soletrar, letra a letra, o seu nome completo.

Também diz que, antes, era difícil fazer cálculos básicos, afiançando que também era vítima de comerciantes desonestos, que nunca devolviam trocos a certo. “Antes era difícil contar. Davam-me sempre trocos a menos, mas, agora, se faltar, sei reivindicar”, diz. Por isso, apela a mais mulheres a juntarem-se à AEA, “porque se ainda não souberem ler, escrever ou falar, aqui vão aprender”.